Muro de Berlim e a Guerra Fria no Século XX
A Guerra Fria,
apesar de seu nome, nunca resultou em um conflito direto entre seus
principais adversários: EUA e URSS. Ela foi muito mais um processo de
constante tensão entre os dois países do que nomeadamente um conflito
aberto, principalmente em decorrência do grande arsenal nuclear de seus
exércitos. Um dos principais símbolos da Guerra Fria foi, sem dúvida, o Muro de Berlim, construído na cidade alemã a partir de 13 de agosto de 1961.
O muro dividia a cidade de Berlim em duas áreas: Berlim Oriental e Berlim Ocidental. Berlim Oriental era a capital da República Democrática Alemã (RDA), conhecida também como Alemanha Oriental, estando sob influência da URSS. Berlim Ocidental era controlada pela República Federal da Alemanha (RFA), ou Alemanha Ocidental, cuja capital era a cidade de Bonn e estava na esfera de influência dos EUA.
O
sistema de barreiras na área fronteiriça de Berlim, onde estava o muro,
tinha por objetivo evitar a fuga de cidadãos da parte oriental para a
parte ocidental da cidade. Após a divisão da cidade nas duas áreas,
cerca de dois milhões de pessoas deixaram o lado oriental. O motivo da
fuga era o descontentamento da população com os resultados econômicos e
sociais da implantação da planificação econômica nos moldes soviéticos
levados a cabo na Alemanha Oriental após a II Guerra Mundial.
Walter
Ulbricht, chefe da RDA e do Partido Comunista, apesar de afirmações em
contrário, decidiu inicialmente pela colocação de cercas de arame
farpado na região em frente ao Portão de Brandenburgo. Com o passar do
tempo, a barreira transformou-se em um muro de cerca de 155 km de
extensão, fortemente vigiado por guardas, cães e mecanismos de
vigilância.
OBS: Ao clicar na imagem abaixo você será redirecionado para um infográfico completo sobre o muro de Berlim, com textos, imagens, vídeos e depoimentos.
OBS: Ao clicar na imagem abaixo você será redirecionado para um infográfico completo sobre o muro de Berlim, com textos, imagens, vídeos e depoimentos.
Várias
tentativas de fugas foram realizadas, algumas com sucesso, mas outras
não, resultando na morte de centenas de pessoas. A área próxima ao muro
localizada na parte ocidental ficou conhecida como “zona da morte”, em
virtude do destino que tinham os que tentavam fugir e eram alcançados
pelas armas dos soldados alemães orientais.
O
muro era também alvo de grafites e pichações de protesto contra o
regime soviético no lado ocidental do muro. Desde o final da II Guerra
Mundial que as tensões entre EUA e URSS aumentavam.
A
implantação do Plano Marshall pelos EUA na Europa pretendia recuperar
economicamente o ocidente do continente com vultuosas somas de capitais
de origem estadunidense. Em contrapartida, a URSS instituiu o Comecon
(Conselho de Assistência Econômica Mútua) para integrar economicamente
os países de sua esfera de influência.
Berlim
e a Alemanha divididas sintetizavam em um território e em uma nação
anteriormente unida as disputas pelo desenvolvimento de dois tipos de
capitalismo, em uma situação que caracterizou a Guerra Fria: de um lado,
o capitalismo ocidental, com a articulação de empresas privadas e
estatais; de outro, o capitalismo soviético, com a propriedade estatal e
a planificação econômica centralizada do Estado.
O
desenvolvimento mais pujante e a vitória do capitalismo ocidental
levaram à desintegração do bloco soviético, cujas consequências
influenciaram também as duas Alemanhas. Em 09 de novembro de 1989, a
população foi informada da liberação da travessia entre as duas partes
da Berlim dividida. Milhares de pessoas dirigiram-se ao muro,
comemorando e destruindo parte dele. Era o fim do sistema soviético na
Alemanha e o início do fim da URSS. Anos depois a Alemanha seria
novamente unificada.
A
maior porção do Muro de Berlim foi retalhada, sendo leiloada ou vendida
como souvenir. Dessa forma, as pessoas poderiam comprar parte do
principal símbolo da Guerra Fria, indicando que não houve a queda do
Muro de Berlim, mas sim sua comercialização.
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“Se eu fosse a um antiquário, só teria olhos para as coisas velhas.
Mas, sou um historiador, é por isso que amo a vida”.
Marc Bloch